Aparências

Descreva do jeito que bem entender
Não tema, descreva!
Descreva a beleza que trago no olhar
Descreva a malícia do meu caminhar,
Repare atento meu gesto, meu jeito
Diz que sou imperfeito
Mas feito de amor,
Porém, não te esqueças de acrescentar
Que eu também sei sorrir
E também sei amar.
Descreva meu nome, meu traje, meu porte
Diga que sou forte, devastador,
Fale dos meus sonhos, dos meus sentimentos
Que no firmamento sou como o condor.
Só não te esqueças de acrescentar
Que eu também sinto dor
Que também sei prantear.
Exponha a angústia que trago no peito
Diz da solidão que envolve meu leito,
Me chame de inócuo, de néscio e sereno
Diz que sou moreno
E loquaz minha voz,
Porém, não te olvides de observar
Que como o albatroz
É triste meu cantar.
Não hesite, descreva
Por fim eu te peço
Diz que sou infame, avaro, travesso,
Chame de tirano, de politiqueiro
Que meu candeeiro não ilumina mais.
Porém, se acaso eu morrer amanhã
Peço que inclua em sua escrita:
O sucumbido foi poeta,
Sonhou…
E amou a vida!

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