Se há a pena de morte
Se falta água no pote
Se a alma se apequena,
Se há pecado capital
Se não desabrocha o sisal
Viver ainda vale a pena!
Se o amor arrefece
Se a esperança fenece
Se o algoz contracena,
Se há isolamento social
Se não tem benção clerical
Viver ainda vale a pena!
Se torna escasso o amplexo
Se o riso fica sem nexo
Se a desnutrição é extrema,
Se o torpor toma conta
Se o porvir amedronta
Viver ainda vale a pena!
Se o perjúrio prevalece
Se o vírus se robustece
Se a paz vira dilema,
Se perde o encantamento
Se escurece o firmamento
Viver ainda vale a pena!
Se está pesado o fardo
Se o cálice é amargo
Se a iniquidade é plena,
Se ampliam as sepulturas
Se tem Deus nas alturas
Viver ainda vale a pena!